O número de pessoas que procuram por imóveis para locação em Nova Friburgo é grande, mas o mercado imobiliário não tem como suprir essa demanda. Esse problema, que já vinha acontecendo desde o fim de 2010, torna mais difícil a reestruturação daqueles que estão em área de risco ou que perderam suas casas, mesmo com a expectativa do recebimento do aluguel social.
Em muitas imobiliárias a fila de espera por cada imóvel chega a vinte pessoas. Algumas já deixam de lado alguns protocolos burocráticos na tentativa de facilitar o acesso das pessoas, como no caso da Ricardo Pedretti Imóveis, onde a proposta é entregue a todos que tenham interesse no imóvel. “Antes nós entregávamos a proposta de locação e aguardávamos o retorno da pessoa com a documentação até liberar o imóvel para outro pretendente, mas a demanda é tão grande que não temos como ter esse controle. Então estamos liberando essa proposta e fechando o contrato com quem chega primeiro com ela aprovada” – diz Sérgio Pedretti, gerente da imobiliária.
Em meio à demanda, as imobiliárias usam o sistema de cadastramento para melhor atender os possíveis locatários. A principal procura é por casas e apartamentos no centro da cidade ou proximidades e com valores acessíveis, como explica Gabriel Ruiz, da Predial Primus: “Nós agora estamos cadastrando as pessoas, fazendo um perfil conforme a localidade de preferência, faixa de preço e informando conforme haja disponibilidade de imóveis para locação. A fila de espera passa de cem pessoas, que procuram geralmente apartamentos ou casas com dois ou três quartos e um aluguel que varia entre R$ 400 e R$ 700”.
Para o professor Ronaldo Gripp, que teve sua casa destruída no deslizamento que ocorreu na Vilage, o mercado está muito concorrido e esse cadastramento feito pelas empresas tem ajudado quem procura um imóvel para alugar. “Na maioria dos locais que nós procuramos não encontramos muita disponibilidade, então eles anotaram nosso nome e telefone e estão dando retorno. Todos os imóveis que vi estão com lista de espera. A minha prioridade, até mesmo pela constituição da família, seria por uma casa com três quartos”.
O pedido de que os imóveis que estão à venda sejam revertidos para locação é geral. Em muitos casos as empresas têm entrado em contato com os donos e negociado essa migração. “Em uma semana nós alugamos o que costumávamos fazer em um mês, os imóveis que restaram são os mais caros. Por isso nós estamos pedindo aos donos dos imóveis que estão à venda para fazer locação” – conta Vinícius Emmerick, da Correta Empreendimentos Imobiliários.
Apesar do sofrimento das pessoas com toda essa tragédia, alguns oportunistas têm se aproveitado dessa procura para aumentar o preço dos alugueis. Em alguns casos imóveis anteriormente avaliados em R$ 400 agora são encontrados com quase o dobro do preço. Na tentativa de conter essa supervalorização as imobiliárias têm procurado manter o valor estabelecido, contudo esse controle se torna difícil com os imóveis colocados no mercado agora. “Houve casos de proprietários que quiseram aumentar o valor do aluguel, mas nós fomos contra, contudo não temos controle sobre esses imóveis que estão entrando agora para locação, pois os donos acham que tem o direito de determinar um novo valor de mercado, a questão agora é ter ética para manter os preços acessíveis” – complementa Sérgio Pedretti.
A colaboração dos proprietários de imóveis é fundamental nesse momento de crise, não só nessa negociação de valores, mas também nos casos em que o imóvel alugado tenha sido atingido. “Tivemos um caso em que entrou água no imóvel e o locatário perdeu todos os móveis e o proprietário decidiu liberar três meses de aluguel e ainda converteu três meses em dinheiro como ajuda de custo. E também outros dois imóveis que entrariam em período de reajuste de aluguel e os donos preferiram adiar esse aumento” – exemplifica Khanmllov Monteiro, da Conteco.
Quanto ao aluguel social, a indicação é de que as pessoas que pretendam fazer a locação através do programa já comecem a procurar os imóveis, pois há uma grande dificuldade em encontrar casas e apartamentos dentro do valor de R$ 500, estabelecido pelo Executivo e aprovado pela Câmara de Vereadores do município. A localização do imóvel por parte da prefeitura será complicada, principalmente pelo número de famílias que precisam do benefício, então as pessoas devem se antecipar.
Como o prazo mínimo de contrato é de geralmente um ano, é indicado que as pessoas avaliem bem antes de finalizar a locação, como ressalta Sérgio Pedretti: “As pessoas devem conhecer e avaliar o imóvel, já que escolher na base da urgência pode futuramente trazer transtornos, pois esse imóvel irá atender no primeiro momento, mas depois de alguns meses poderá causar arrependimento e o locatário estará com contrato em vigor e para trocar de casa terá que rescindi-lo com multas e outras tarifas. Então as pessoas devem ter calma e procurar aquilo que vá realmente atender às suas necessidades”.
Por Paula Valviesse - novaimprensa.com.br
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