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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A natureza se acomoda na Região Serrana


Por: José Luiz Lima de Souza

Procurando tentar entender, após analisar várias fotos sobre as montanhas que foram afetadas pela chuva violenta que se abateu sobre a cidade de Nova Friburgo, na noite do dia 11 de janeiro de 2011, acredito que realmente pode ter ocorrido uma acomodação dos caminhos de escoamento da água da chuva que estava acumulada no alto das montanhas, o que não deixa de ser uma situação passível de acontecer na floresta de mata atlântica, que ocorre de tempos em tempos.

Esta, no entanto, foi provocada por uma quantidade de água muito grande, despejada em muito pouco tempo pela chuva, que se acumulou nas rasas profundidades dos solos que normalmente se apoiavam no alto das montanhas e em suas encostas. O peso gerado por este acúmulo de água, sempre crescente em muito pouco tempo no solo destas encostas, por não agüentarem ficar nos locais onde estavam, desceram procurando o caminho mais fácil até chegar em um local mais plano. Ocorre que neste caminho existiam muitas residências que não suportaram o peso da água e com o que ela carregava durante seu trajeto de descida e vimos então esta tragédia pavorosa sobre a belíssima cidade de Nova Friburgo.

Não se trata de uma tragédia anunciada. Estes fatos não ocorrem com avisos. No entanto, A natureza mais uma vez nos mostra o caminho que devemos tomar ao permitir a construção de moradias nas cidades rodeadas por montanhas com cobertura de mata, procurando evitar os locais onde possivelmente haverá esta acomodação com os caminhos que normalmente deverão ser procurados pela água que encharcam os solos desta camada mais alta de mata, nas grandes chuvas que ocorrem.

Se é necessário um “Habite-se” para as residências que estão localizadas nos centros urbanos de uma cidade, este “Habite-se” deverá também, e com muito mais rigor, ser necessário para as construções em encostas. Talvez, embora seja ainda muito difícil, agora seja o momento de sentirmos uma melhora na forma de agir de nossos políticos e homens públicos que estão direta e indiretamente ligado às liberações de construções em áreas tão expostas ao perigo, aí sim, muitas vezes, permitindo uma catástrofe anunciada.

Por fim, temos que levar em consideração que muita coisa mudou de pouco tempo para cá. Hoje satélites, como o Google Herth e outros, nos mostram vistas de áreas que há bem pouco tempo só tínhamos com fotografias aéreas, caras e difíceis de serem conseguidas para um trabalho mais apurado de análise ambiental e de controle do poder público de uma determinada área. Há também a facilidade de utilização do helicóptero, o que é muito recente.

É importante comentarmos também que o INEA, através de seu site na internet, onde apresenta quatro pontos na cidade de Nova Friburgo, há o controle do nível de chuva e possibilidade de enchente, que embora estejam sempre atualizados não poderiam ser utilizados facilmente naquele momento de 11 de janeiro, pois a falta de luz, muito comum em época de chuva e relâmpagos nesta região, não estava permitindo que a população, que utiliza este meio de prevenção, soubesse o que estava ocorrendo. Hoje podemos analisar os dados emitidos naquela noite infernal e verificarmos que uma chuva torrencial ocorreu sobre a cidade iniciando às 23 horas e 15 minutos do dia 11 de janeiro e começando a diminuir por volta das 07 horas e 30 minutos do dia 12 de janeiro.

Finalizando, podemos verificar que foi um desastre ecológico com dimensões trágicas, envolvendo a perda de um grande número de vidas preciosas e queridas, que espero seja guardado na memória histórica desta cidade que tem um povo calmo, alegre, criativo, trabalhador e acolhedor e que saberá encontrar forças para reerguer esta nossa maravilhosa e querida cidade de Nova Friburgo.

 
 Fonte:Novaimprensa.com.br


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