TRISTEZA
Marcos de Paula/AE
"Militares e funcionários da prefeitura ajudam nos enterros"
Militares do Exército, usando máscaras cirúrgicas, ajudaram a sepultar neste sábado, 15, cerca de 50 corpos ainda não reconhecidos da tragédia em Nova Friburgo no cemitério municipal Trilha do Céu, no bairro de Conselheiro Paulino.
Carregados por militares da quadra da escola de samba Unidos da Saudade, no Centro, na manhã de sábado os primeiros 20 caixões lotaram três caminhões de transporte de tropa. O comboio seguiu por ruas da cidade com uma escolta da Polícia Militar e faria uma nova viagem até o centro para buscar os outros caixões. Enquanto isso, funcionários da prefeitura cavavam outras 200 covas rasas na Trilha do Céu.
O coordenador do Ministério Público em Nova Friburgo, Hedel Nara Ramos, explicou que todos os 50 corpos ainda não reconhecidos foram identificados por impressões digitais e fotografias. Os seis corpos, em estado avançado de decomposição, em que não foi possível recolher digital, nem fazer foto, tiveram material genético colhido para futuro reconhecimento.
Dos 50 corpos que seriam levados para o cemitério, pelo menos três foram reconhecidos no local por parentes e enterrados em jazigos privados depois do velório. O apoio do Exército foi solicitado pelo promotor. Segundo ele não haverá sepultamento em cova coletiva. 'Não podemos permitir que isso ocorra até pela dignidade das pessoas e também porque perderíamos completamente o controle para futuros reconhecimentos.
Friburgo já contabiliza 264 mortos. 'Temos a convicção de que há muitas famílias ainda soterradas, inclusive de um ex-prefeito do município, mas não conseguimos ainda chegar a estes locais', explicou o promotor. Após o enterro da manhã, 15 soldados do Exército seguiriam para auxiliar outro grupo de 30 homens que tentava resgatar corpos no bairro de Campo do Coelho. Segundo um coronel que coordenava os trabalhos, os corpos seriam levados diretamente para a Trilha do Céu.
O centro de Friburgo continua com o comércio fechado. Continua a faltar comida e água. Mas pelo menos os sinais de telefonia celular voltaram ao normal.
Até o momento, a tragédia na serra já deixou 568 mortos: 264 em Nova Friburgo, 238 em Teresópolis, 46 em Petrópolis, 18 em Sumidouro e 2 em São José do Vale do Rio Preto. O governador Sérgio Cabral decretou luto de sete dias no estado pelas vítimas da catástrofe.
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